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Por Luís Ricardo da Silva, avencedora bet Bauru e Marília

23/12/2023 08h49 Atualizado 23/12/2023

Avó de menino que nasceu1️⃣ em presídio na Índia lamenta situação, mas comemora retorno —
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: Arquivo Pessoal

A mãe da brasileira presa na Índia lamentou1️⃣ a perda de parte da infância do neto, um menino de 4 anos que nasceu e viveu em um presídio1️⃣ indiano desde seu nascimento. A criança e a mãe retornaram ao Brasil no último dia 8 de dezembro, ao desembarcarem1️⃣ em São Paulo, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU).

A brasileira Angélica Cristina Souza, de 33 anos, foi condenada por tráfico1️⃣ internacional de drogas em 2023 na Índia. À época, ela estava grávida e teve o filho na prisão no ano1️⃣ seguinte.

Ao avencedora bet, Célia Souza, mãe de Angélica e avó da criança, se disse indignada com o descaso com o qual1️⃣ o caso da filha foi tratado pelas autoridades brasileiras, em especial pelo fato do neto ter cumprido a pena junto1️⃣ com a mãe e ter tido cerceado o seu direito à infância.

“Quando eu vi o menino e minha filha, foi1️⃣ duro demais. Eu quase passei mal. Eu falo hoje, ver meu neto preso? Não existe isso daí. Não existe criança1️⃣ atrás das grades. Por que não me avisaram antes? Eles tinham que ter me avisado, não deixar meu neto atrás1️⃣ de umas grades”, pontua.

Menino de 4 anos vive desde o seu nascimento em presídio na Índia —
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: Arquivo Pessoal

O1️⃣ advogado que auxiliou na repatriação da dupla classificou a atuação diplomática do estado brasileiro como omissa. Segundo Carlos Nicodemos Oliveira1️⃣ da Silva, presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB-RJ, o governo brasileiro sabia do caso desde 2023.

O Ministério das1️⃣ Relações Exteriores informou que a embaixada brasileira no país acompanhou o caso, com "visitas regulares" e "entrega de itens de1️⃣ necessidades básicas" à mulher (confira o posicionamento completo ao final da matéria).

No entanto, segundo o advogado, a falta de interesse1️⃣ diplomático nos últimos quatro anos fez com que a criança vivesse os primeiros anos da infância privada de liberdade.

"Trata-se não1️⃣ só de omissão do estado brasileiro, mas também de uma violação estrutural e institucional do estado brasileiro no campo diplomático.1️⃣ Essa solução deveria ter sido encontrada lá em 2023", complementa.

Além da distância com o neto, Célia lamenta não ter estado1️⃣ com a filha durante o período. Apesar do retorno, ela acredita que a filha ainda sofre com os traumas vívidos1️⃣ nos últimos quatro anos.

Com o retorno, Angélica foi encaminhada a uma unidade prisional no estado de SP e seguirá cumprindo1️⃣ a pena de dez anos imposta pela Justiça indiana no Brasil.

"Sofri ainda mais por não poder ficar com minha filha1️⃣ no seu período puerpério, foi doloroso demais. Foi maravilhoso vê-la de novo, senti ela muito triste, meio depressiva, falava bem1️⃣ pouco. Ela estava preocupada por estar aqui perto e ao mesmo tempo tão longe. Deveriam ter deixado ela vir comigo,1️⃣ ela chorou muito", conta Célia.

Angélica ao lado do filho e da família em retorno ao Brasil —
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: Arquivo Pessoal

Nascido1️⃣ em 2023 e prestes a completar 5 anos no próximo dia 25 de dezembro, Emanuel Lorran ficará sob guarda provisória1️⃣ da avó materna, que mora em Tupã, no interior de SP, enquanto a mãe cumpre o restante da pena em1️⃣ solo brasileiro.

No momento, a família tenta adaptar o menino à cultura brasileira. Além do trauma pela ausência da mãe, ele1️⃣ tem dificuldades na comunicação em português e na alimentação.

"O Emanuel chorou muito, ele sente falta dela, pergunta e chama por1️⃣ ela. Sem contar que ela nesse começo seria a única que conseguiria compreendê-lo. Ele não fala nada sobre a Índia,1️⃣ fala um pouco de espanhol, entendemos muita pouca coisa, ele repete o que falamos", revela.

"Na alimentação, ele come, mas come1️⃣ o mínimo. Lá, a alimentação dele não tinha muita coisa que tem aqui. A carne bovina, por exemplo, é sagrada1️⃣ lá. Mas ele vem se adaptando, aprendeu a comer feijão, come legumes, arroz", conta

Embora assuma que a filha tenha errado,1️⃣ Célia acredita que ela já pagou pelo erro e espera que Angélica retorne o quanto antes para casa, onde outros1️⃣ dois filhos, além de Emanuel, a esperam.

Família de Tupã tem tentado adaptar menino nascido na Índia à cultura brasileira —1️⃣
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"Eu espero muito que minha filha venha embora, que possa cuidar dos filhos dela, pois ela tem outro1️⃣ que mora com o pai e um comigo, além do Emanuel. Que ela possa ter essa alegria enorme em pode1️⃣ rever os filhos, ficar com eles, cuidar deles. Minha filha aprendeu a lição",

O caso

A brasileira Angélica Cristina Souza, de 331️⃣ anos, vivia em Tupã, no interior de SP, quando embarcou em 2023 para a Índia com cápsulas de cocaína no1️⃣ estômago e foi presa ao desembarcar em Nova Délhi, capital do país asiático.

Angélica Cristina Souza foi condenada por tráfico internacional1️⃣ de drogas na Índia —
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Ela estava grávida quando foi detida, julgada e condenada. O menino nasceu em1️⃣ 2023 e desde então viveu a infância no presídio em Nova Délhi.

"A Angélica foi levada a um tribunal três meses1️⃣ depois da prisão, onde confessou o crime e informou que estava grávida", revela Carlos Nicodemos Oliveira da Silva, presidente da1️⃣ Comissão de Direito Internacional da OAB-RJ.

Em 2023, a Comissão de Direito Internacional da OAB-RJ tomou conhecimento do caso envolvendo a1️⃣ brasileira que deu à luz no presídio em Nova Delhi. Desde então, a Comissão trabalhou para transferir a pena da1️⃣ mãe da criança para o Brasil, para que, assim, também fosse possível trazer a criança que vivia há quatro anos1️⃣ na cadeia.

Presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB-RJ auxiliou no retorno de mãe e filho presos na Índia —1️⃣
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Em conjunto com a Procuradoria, a Comissão pediu apoio à transferência de Angélica, após verificar "nítida violação de1️⃣ direitos humanos".

A operação de retorno de mãe e filho contou com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, a Polícia1️⃣ Federal e a Embaixada do Brasil em Nova Délhi.

Angélica cumprirá a condenação seguindo a legislação brasileira e terá direito a1️⃣ progressão de regime, se assim a Justiça brasileira determinar.

"Ela já cumpriu cinco anos, tendo direito, pela Legislação brasileira, a uma1️⃣ progressão de regime, do fechado para o semiaberto. Se ela cumprir mais um ano e 7 meses da pena, ela1️⃣ terá direito a liberdade condicional, aplica-se todas as normas e leis daqui", explica o advogado.

Com o retorno da dupla ao1️⃣ país, o advogado Carlos Nicodemos espera que o estado brasileiro reconheça o erro e possa reparar o dano causado à1️⃣ criança.

"Pensa-se em modular uma ação reparatória que indenize a criança por ter permanecido quase cinco anos dentro de um presídio,1️⃣ violando todas as normas internas e, inclusive, a convenção dos direitos da criança da Organização das Nações Unidas, a Onu",1️⃣ sentencia.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a embaixada do Brasil em Nova Délhi prestou assistência consular desde1️⃣ 2023, quando a cidadã foi presa na Índia por tráfico internacional de entorpecentes.

Durante o período, foram realizadas "visitas regulares ao1️⃣ estabelecimento prisional no qual a brasileira se encontrava encarcerada, ocasiões na qual eram entregues à cidadã itens de necessidade básica",1️⃣ pontuou o Itamaraty no comunicado.

Por fim, o Ministério afirmou que a embaixada realizou gestões junto às autoridades indianas com vistas1️⃣ a providenciar o tempestivo registro de nascimento do menor e que, com o retorno da dupla ao Brasil, o caso1️⃣ é de competência do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

Angélica Cristina Souza vivia em Tupã antes de ser presa1️⃣ na Índia por tráfico internacional de drogas —
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